Tem aumentado nos últimos anos a oferta de serviços financeiros por administradoras de condomínios. Um deles é a conta pool, uma modalidade em que o dinheiro de diversos condomínios é aplicado em uma só conta e administrado pela empresa que presta serviço para os prédios. O serviço é vendido para os síndicos como sinônimo de comodidade, já que a administradora fica responsável por toda a gestão financeira do condomínio, teoricamente poupando o síndico dessa preocupação. Mas, o que o marketing não conta é que essa é uma opção que envolve bastante risco para o caixa dos condomínios.
O maior problema é que na conta pool apenas a administradora tem acesso aos extratos bancários e apenas ela controla a movimentação financeira. O síndico recebe apenas um relatório das receitas e despesas, mas não há necessariamente uma comprovação de que os números estão corretos. Para o presidente (Sindicon MG), advogado especializado em direito condominial, Carlos Eduardo Alves de Queiroz, é aí que mora o perigo. “No caso do dinheiro estando exclusivamente em uma conta de uma administradora, o síndico não tem controle nenhum sobre aquilo”, afirma ele.
Assim, o risco de fraudes e desfalques é maior. Um exemplo disso aconteceu em São Paulo, no ano passado. 40 condomínios tiveram prejuízo estimado de R$30mi depois que a administradora desviou dinheiro da conta pool em que todos ingressaram. Em carta, o dono da administradora admitiu o problema e disse que não tinha como arcar nem com as despesas dos próprios funcionários (leia a reportagem aqui).
“O condomínio não tem controle nenhum. Se tem um fundo de reserva para fazer uma obra, uma arrecadação mensal, está tudo sob o controle da administradora. O síndico só tem um relatório. Se precisar fazer uma auditoria, por exemplo, não tem como, porque não tem acesso ao extrato da conta. Tem empresas que nem têm autorização do Banco Central para funcionar, mas estão administrando essas contas. O risco é enorme”, explica Carlos Eduardo.
Apesar dos riscos, a conta pool não é ilegal. Por isso, cabe aos condôminos analisarem bem se receberem uma proposta como essa e, se o condomínio já tiver feito a adesão, os condôminos podem votar pela saída da conta pool. O ideal é que cada condomínio tenha a sua própria conta e que o síndico acompanhe toda a movimentação, faça a prestação de contas e o conselho fiscal fique atento na conferência.